quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Conta da Sanecap chega religiosamente todos os meses, mas a água é uma raridade

SITUAÇÃO DE CALAMIDADE

A desolação do catador de papelão Sebastião Gonçalves Dias Neto, 79 anos, morador do Jardim Umuarama II há 14 anos, só não é maior porque conseguiu, um tambor de água de 200 litros – carregado por uma carroça, doado por vizinhos. “Aqui a água nunca subiu na cada de água em cima da casa, mas a conta da Sanecap vem todo mês”, afirma Sebastião Gonçalves, à equipe de reportagem, sobre a cobrança mensal da Companhia de Saneamento do Estado (Sanecap).

O presidente da União Cuiabana de Associações de Moradores de Bairros (Ucamb), Édio Martins de Souza, afirma que realmente o que prova revolta, até mais que a falta de água, é a mentira do prefeito Francisco Galindo (PTB) e de seu antecessor Wilson Santos (PSDB), de que o abastecimento foi universalizado. “Gostaria de saber de qual cidade eles [Galindo e Wilson] estão falando, porque, certamente, não se trata de Cuiabá”, afirma Édio Martins.

A Ucamb recorda que, de 2004 até 2010, a tarifa de água tratada já foi majorada em quase 130%. Contudo, o fornecimento do produto nunca foi regularizado. “É um absurdo o valor cobrado pela água nas comunidades carentes. Contudo, perversidade maior é não mandar água”, denuncia Martins de Souza.

O presidente da Ucamb cita como exemplo o seu próprio bairro, o Jardim 1º de Março, onde há décadas a comunidade convive com a falta de água crônica. Ele disse que até mesmo a parte baixa do bairro está sofrendo com o desabastecimento e cita que, na parte alta, a água nunca sobe nos reservatórios elevados.

Para Édio Martins, a necessidade de se tomar medidas drásticas para regularizar o abastecimento é essencial. Ele sugere que seja realizada uma força tarefa de carros-pipas, patrocinados pela Sanecap, para atender aos bairros.

Édio Martins disse que a Ucamb vai entrar com representação no Ministério Público para que somente o consumidor que receber água pague a conta da Sanecap. “Quem não receber água em casa, na caixa de água, não vai precisar pagar a conta”, explica o presidente da Ucamb.

O movimento comunitário de Cuiabá acredita que somente com o Estado assumindo o comando da água será possível resolver o problema, no médio e longo prazos, calcula Édio Martins.

Como testemunho da gravidade do problema, o presidente da Ucamb cita um caso que presenciou o bairro Novo Paraíso II, na região Norte de Cuiabá. “Por falta de água, alguns mais exaltados queriam agredir a presidente da Associação dos Moradores, Creuza Márcia de Oliveira, que não tem culpa da falta de água no bairro. Não é responsabilidade dela, porque o papel dela, como líder comunitária, ela desempenha muito bem”, atesta Édio Martins.

Testemunho do presidente

Visita ao Novo Paraíso II, onde o Estado estava promovendo patrolamento e encascalhamento, moradores queriam bater na presidente creuza Márcia por falta de água. Não é responsabilidade dela, porque o papel dela desempenha muito bem.

Doutor Fábio, Atalaia, Jardim Paulicéia, São Francisco (poço artesiano), Real Parque, Jardim Passaredo, Jardim Fortaleza, São Sebastião, Liberdade, Nova Esperança II e III, Costa Marques, Pedra 90 Primeira Etapa, Jardim Mossoró, Parque Cuiabá, Getúlio Vargas, Jardim Presidente I e II, Vila Verde, São Gonçalo II, Parque Residencial Coxipó, Jardim Itapajé, Santa Terezinha,

Moradora vai ao PROCON por falta de água.

Madalena de Matos, dona de casa. Depois que fui ao Procon, mandaram um caminhão... mas eu cheguei a chorar de raiva...

Morador Vagner Ferreira, que pagou sua conta em dia, mas há cinco dias não tem água. Tem um bebê recém-nascido, mas se diz preocupado e indignado com a situação.

Ministério Público aciona SANECAP por falta d’água em determinados bairros.

MPE propôs ação civil pública contra a Sanecap para fornecer, ininterruptamente, água a todos os bairros de Cuiabá, sob pena de multa diária, no valor de R$ 10 mil para que empresa forneça caminhões pipa

MPE move ação para que água chegue de vez a todas as casas


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